Apesar de que a Petinha-dos-campos ser uma espécie reprodutora migratória pouco comum no concelho de Vila do Bispo, é evidente que a sua população deve ser a maior da região algarvia, uma vez que esta ave é rara como reprodutora noutras zonas do Algarve.
Durante a época de reprodução de 2024, parece ter havido apenas 2 ou 3 registos de aves isoladas noutras zonas do Algarve, o que torna a pequena população na nossa área de estudo particularmente relevante a nível regional.
A Petinha-dos-campos parece preferir os habitats de pousio mais maduros e biodiversos, nos vários estádios de evolução existentes no concelho, e está dependente do ciclo lento de rotação das culturas cerealíferas de sequeiro. Se as práticas agrícolas tradicionais forem abandonadas e a sucessão da vegetação se verificar, o habitat tornar-se-á inviável para esta espécie.
Em Portugal, esta ave pouco comum, ocupa áreas abertas com poucas ou nenhuns árvores, escolhendo pastagens ou áreas de matos baixos e pouco densos, tanto nas planícies do Alentejo que nas serras mais altas na metade norte do país.
A Petinha-dos-campos tem uma distribuição fortemente fragmentada em Portugal e segundo os mais recentes avaliações, tem sofrido um decréscimo vincado nos últimos anos. Esta regressão na distribuição e abundância é evidente em todas as zonas, com exceção das mais setentrionais, e é particularmente preocupante no Algarve, onde parece ter desaparecido de alguns dos seus antigos lugares.
O nosso projeto pretende quantificar a população nidificante no concelho e ainda fundamentar a reprodução de Petinha-dos-campos como indicador de boas práticas agrícolas em termos da conservação da biodiversidade na nossa área.
Durante o nosso recente trabalho de campo, na primavera de 2024, foram encontrados mais alguns casais do que talvez se esperasse, o que é bastante encorajador. Este facto reforça a importância de estudos de escala fina, uma vez que, em visitas breves e erráticas a locais limitados dentro da nossa área de estudo, é muito fácil que alguns passem despercebidos e que algumas áreas sejam negligenciadas. Durante os próximos meses apresentaremos os nossos resultados da época atual de reprodução e esperamos mostrar que a pequena população reprodutora de Petinha-dos-campos na área é um pouco maior do que se pensava anteriormente.


